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O Caçador de Sonhos

Dona Genoveva é uma senhora de sessenta de poucos anos.  Nasceu em uma cidade interiorana do estado de Amazonas, mas não lembrava o nome. Acreditava que tinha alguma ascendência indígena.   Como ela mesma dizia, aprendeu a fazer filtro dos sonhos com seus pais na adolescência.   Do seu jeito especial consegue construir um filtro para cada pessoa, ouvindo os relatos dos anseios e sonhos de cada um. São sonhos tristes, sonhos alegres, sonhos de vitória, sonhos de derrota, sonhos de saudades, sonhos de toda forma.   Encontrei com ela logo no início da manhã, por volta das nove horas, naquela quinta-feira de outono. A temperatura estava amena, por volta dos 20 graus.   Assim que cheguei ela me levou para o seu ateliê. Uma sala com 30 metros quadrados, prateleiras amplas e bem divididas, uma mesa grande ao centro onde fazia o seu trabalho. Tudo muito organizado.   Disse que usava o local para suas costuras e para fazer artesanatos, principalmente os famosos filt...
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Viagem no Tempo

  Estava ouvindo um serviço de transferência de música digital e, de repente, veio o convite para ouvir um podcast. Aceitei. Tratava, ao mesmo tempo de viagem no tempo e uma pandemia que dizimou quase toda a humanidade em 2063. Possível? Penso que sim, é possível retornar no tempo. Não fisicamente. Não estar fisicamente lá para fazer mudanças que gerem um paradoxo.  Mas através das memórias. Das lembranças.    Retornei.   Já haviam passados 2 anos desde o último aceno.  Aliás, a tentativa de aceno foi ignorada.  No tempo, esquecida.  Não existia razão mesmo para qualquer réplica.  Era um ato sem justificativa. Esqueci.    De todas as redes sociais era que menos usava. Dois anos depois um bip: “-Oi, como você está?”  Quem será. Curioso, fui ver de quem se tratava, A conversa foi curta. “- Como eu estava me sentindo?” Estou bem. E você? “- Também. É início de pandemia.”, continuou “- Mas tudo vai passar rápido.” “- Em poucos dias...

Madalena de todas as tribos

Seu nome era Madalena. Figura simples com um coração maior que o mundo. Contava umas piadas simples, mas com estilo de grandes humoristas. Ria. Gostava de uma cachaça.  Só pra abrir o apetite. Uma cerveja? Claro. Faz bem pra saúde. Mãe de muitos filhos. Um deles adotado. Amava-o tanto quanto aos filhos. A ele, entregou sua filha para que cuidasse, para que amasse, para que a fizesse sua acompanhante, mãe de seus filhos. Entre todas a mais bela Madalena, Marias, Ritas, Rosas, Irenes. Adotada pelos filhos e eternizada pelos netos. Já perdia a conta de quantos eram. E não eram poucos. Fazia um arroz de comer puro. Só arroz. O feijão, vinha depois. Madalena.

Ao cair da noite

Se apresentava como Ariane.  Além de um sorriso incomparável, tinha uma inteligência superior.  Adorava o que fazia.  Gostava de dizer que suas escolhas definiram tudo que é na vida. E não era difícil de entender.    Ao falar das suas escolhas, seus olhos brilhavam e externavam uma felicidade que chegava a iluminar.  Seus olhos tinham uma cor diferente. Sua pele clara, denotava pequenas sardas, o que completava com um tom diferente a sua cútis. Os cabelos louros.  Mas confessou que em outras vezes usou tons mais escuros, principalmente castanhos.  Fosse a cor que usasse, dificilmente apagaria seu brilho.   Encontrei-a caminhando, ao entardecer, pela areia da praia.  No seu jeito adolescente, chutava a areia e fazia marcas com os pés. Por um longo tempo fiquei observando aqueles passos, dançando com o mar.   Da forma que caminhava e parava, passava a impressão de que desenhava castelos na mente.    De longe, eu tentava ente...